Bárbara e Wittgenstein em Casablanca



Estaríamos em Casablanca. O comboio azul pararia na estação. Entre as figuras no apeadeiro, reconheceríamos duas: a do homem curvado sob o peso das malas ou da vida; a da mulher de ar apressado cingindo o casaco de malha escura que parece fugir de todas os comboios parados, de todas as crianças paradas a perseguir o acontecido.
E aí estás tu Bárbara, miúda de sete anos: «pai, o que representa a imagem?» O jogo de faz de conta, o modo como «representar» se define pelo movimento de mãos sobre a página do jornal, o desenho do sentido e do uso, o invisível das palavras ditas a explodir sobre o tapete do que não sabemos, como sementes.
«Um dedo percorre a superfície de tinta, o inviolável da luz que os teus olhos desdobram.»


Luís Quintais

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