Cassandra, de Christa Wolf




«(...) vivi como nunca uma vida de aparências. Ainda me lembro de como a minha vida se me escapava. Não vou conseguir, pensava muitas vezes, sentada na muralha, fixando o horizonte de olhar vazio, e sem poder saber o que tornava tão difícil a minha existência fácil.
Não via nada. A sobrecarga do dom visionário cegava-me. Via apenas o que estava à vista, o mesmo que nada. A minha vida decorria - também poderia dizer: morria - ao ritmo anual do serviço do deus e das obrigações no palácio. Não conhecia mais nada. Vivia de acontecimento para acontecimento e isso, ao que parecia, era o que ia fazendo a história da casa real. Acontecimentos que provocam o desejo de mais acontecimentos, e por fim da guerra.»



Cassandra, de Christa Wolf (trad. João Barrento)










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