A Luz e as Trevas, da Odisseia à Ilíada:






















ODISSEIA DE HOMERO
«O sol lançou-se no céu de bronze, deixando
a bela superfície da água, para dar luz aos imortais
e aos homens na terra dadora de cereais.
Chegaram a Pilos, a cidade bem fundada de Neleu.
Na praia ofereciam-se sacrifícios sagrados de negros touros
a Posídon de azuis cabelos, que abala a terra.
Havia nove bancadas de quinhentos homens sentados;
à frente de cada uma estavam nove touros para o sacrifício.
Foi depois de terem provado as vísceras e terem assado
as coxas para o deus que os outros aportaram à margem,
descendo e dobrando a vela da nau redonda.
Fundearam-na e desembarcaram na praia.
Da nau desembarcou Telémaco, com Atena à sua frente.»
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ILÍADA DE HOMERO
«Quando chegaram ao mesmo sítio para se enfrentarem uns aos outros,
brandiram todos juntos os escudos, as lanças e a fúria de homens
de brônzeas couraças; e os escudos cravados de adornos
embateram uns contra os outros e surgiu um estrépito tremendo.
Então se ouviu o gemido e o grito triunfal dos homens
que matavam e eram mortos. A terra ficou alagada de sangue.Tal como os rios invernosos se precipitam das montanhas,
atirando juntos o enorme caudal para a embocadura de dois vales,
e das poderosas nascentes vêm lançar as águas num oco desfiladeiro,
e lá longe nas montanhas o pastor chega a ouvir-lhes o estrondo — assim era o eco e o terror dos que embatiam uns contra os outros.»

Traduções de Frederico Lourenço
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Frederico Lourenço nasceu em Lisboa, em 1963, e é autor de uma obra que abrange o romance, a poesia e o ensaio. Distinguiu-se igualmente pela tradução de textos clássicos, desde Homero e outros poetas gregos a Goethe e Schiller. Tendo feito a sua formação académica na Universidade de Lisboa, é desde 2009 professor associado da Universidade de Coimbra, em cuja Faculdade de Letras lecciona várias disciplinas no âmbito dos Estudos Clássicos e dos Estudos Artísticos.

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